Doenças Valvar Cardíaca: Opções de Tratamento

Icon Marco Paulo 65x62O tipo de tratamento da doença valvar que acomete você depende de vários fatores incluindo tipo de valva que foi acometido, gravidade do dano, sua idade e história clínica. A equipe cardiológica e cirúrgica discutirá com você as opções específicas de tratamento para seu caso.

O QUE É DOENÇA VALVAR

A doença valvar ocorre quando uma ou mais valvas cardíacas (4 valvas: aórtica, mitral, tricúspide e pulmonar) não funcionam adequadamente ou devido à estenose (estreitamento que dificulta a passagem do sangue) ou insuficiência (incapacidade de manter bom fluxo sanguíneo). Essas condições sobrecarregam o coração e o danificam, pois dificultam o fluxo sanguíneo através do corpo. Sem tratamento a doença valvar é uma condição ameaçadora, pois reduz a qualidade e o tempo de vida do paciente. Em muitos casos as valvas podem ser reparadas, restaurando a função normal e permitindo que a pessoa retorne às suas atividades habituais.

TRATAMENTO CLÍNICO DAS DOENÇAS VALVARES

Medicações podem ser prescritas para aumentar a ação de bomba do coração com o objetivo de compensar o defeito valvar. Entretanto a doença valvar é um problema mecânico, e a cirurgia poderá ser necessária para reparar ou trocar a valva doente.

OPERAÇÃO VALVAR

Nos últimos anos houve grande avanço no tratamento cirúrgico da doença valvar. Testes diagnósticos ajudam a identificar e analisar detalhadamente a valva acometida. O resultado desses testes, sua idade, a presença de condições clínicas associadas e seu estilo de vida ajudarão os seus médicos a determinar o melhor tratamento para você.
A operação valvar poderá ser combinada com outros procedimentos necessários para o seu bem estar. Por exemplo; cirurgia de revascularização miocárdica, aneurismas ou cirurgia para correção de fibrilação atrial (batimento cardíaco irregular comum em pacientes com doença valvar). Há dois tipos de cirurgia valvar: reparo ou plástica e troca valvar. Na plastia valvar o cirurgião trabalha na valva doente conservando a valva sem usar, frequentemente, material protético. A valva mais comumente reparada é a mitral.

AS POTENCIAIS VANTAGENS DA PLASTIA VALVAR SAÕ:

1. diminui o risco de infecção
2. diminui a necessidade de anticoagulação (afinamento do sangue)
3. preserva mais adequadamente a função do coração

Existem várias técnicas que podem ser utilizadas e nossa equipe está preparada para oferecer os tipos mais modernos de reparo valvar. Na troca valvar o cirurgião remove toda a valva e coloca em seu lugar uma prótese feita de diferentes materiais. Importante consideração é que na troca valvar poderá ser necessária a utilização de medicações anticoagulantes como marevan, que dependendo do tipo de prótese utilizada e de outras condições clínicas (presença de fibrilação atrial) deverá ser prescrita para o resto da vida. Essas medicações previnem a formação de trombo na válvula implantada diminuindo o risco de ״derrame cerebral e infartos cardíacos .״
Pacientes que tomam marevan ou outros anticoagulantes devem realizar exames de sangue (RNI, PTT) mensalmente ou quando necessário para medir sua eficácia.

TIPOS DE VALVULAS UTILIZADAS VALVULAS BIOLÓGICAS

As válvulas biológicas podem ser feitas de pericárdio bovino, valva de porco ou tecido humano (homoenxerto). As válvulas biológicas têm partes artificiais na sua fabricação. Muitos pacientes que recebem essa válvula não necessitam utilizar anticoagulação pela vida toda. Tradicionalmente essas próteses apresentam durabilidade de aproximadamente 10 a 15 anos.

HOMOENXERTO

O homoenxerto é uma válvula humana obtida de um doador cadáver, congelada e então transplantada no receptor. Ela pode ser utilizada para troca valvar aórtica e pulmonar. Muitos pacientes que recebem o homoenxerto não utilizam anticoagulantes.

VÁLVULA MECÂNICA

Essa válvula é feita totalmente de material mecânico que é bem tolerado pelo organismo. Ela é muito durável e é desenhada para exercer a função da valva nativa pelo resto da vida. Todos os pacientes que recebem essa válvula deverão utilizar anticoagulantes ininterruptamente. Alguns pacientes que têm essa válvula notam um ״barulho como click ״ em alguns momentos do dia.
Esse é o som do fechamento e abertura da válvula.

SEGUIMENTO

No primeiro mês após a operação você precisará retornar algumas vezes ao seu cardiologista para acompanhamento pós-operatório. Seu seguimento posterior será feito anualmente para realização de exames (ecocardiograma) que deverá ser repetido em intervalos regulares.

PROTEGENDO AS VÁLVULAS CARDÍACAS

Endocardite infecciosa é uma infecção das valvas cardíacas. Ela ocorre quando germes (bactérias, fungos) entram na corrente sanguínea e se instalam nas valvas. A infecção causa disfunção da valva com destruição dos tecidos e cicatriz. Sem tratamento a endocardite pode ser uma doença fatal. Pratique boa higiene bucal escovando seus dentes adequadamente e procurando dentista anualmente. Comunique a seu médico se tiver sintomas de infecção como febre, calafrios, manchas na pele, desânimo, dor de cabeça persistente, náusea e vômitos. Não espere para procurar auxílio médico.
Pacientes que estão em maior risco de endocardite são:

1. pacientes com próteses valvares
2. pacientes que já tiveram endocardite
3. certas doenças congênitas
4. pacientes com doenças valvares

Esses pacientes têm benefício com a utilização de antibióticos profiláticos antes de certos procedimentos médicos e odontológicos. Se você apresenta alguma dúvida procure seu médico.

PREVENÇÃO DE ENDOCARDITE INFECCIOSA

A Sociedade Americana de Cardiologia e vários especialistas mundialmente conhecidos revisaram recentemente critérios que definem a prevenção de endocardite infecciosa. Esses especialistas definiram que procedimentos dentários, gastrointestinais e genitourinários não se relacionam de forma concludente com o risco de endocardite. Então, não se justifica mais na prática habitual a utilização de antibióticos antes desses procedimentos de forma rotineira. Entretanto devemos utilizar antibióticos para pacientes de alto risco.

QUEM SÃO OS PACIENTES DE ALTO RISCO:

1. Pacientes com válvulas protéticas no coração ou algum material protético utilizado para reparar uma valva cardíaca
2. história prévia de endocardite
3. cardiopatias congênitas (cianótica sem correção, corrigida com material protético nos primeiros seis meses, corrigida porém com defeito residual)
4. receptores de transplante cardíaco com doença valvar cardíaca.

Deve-se utilizar a profilaxia com antibióticos nos procedimentos odontológicos que incluam a manipulação de tecido gengival ou da zona periapical dos dentes ou ainda perfuração da mucosa oral. Não se recomenda a profilaxia nas seguintes situações:

1. injeções de anestesia em tecidos infectados
2. radiografias dentárias
3. colocação de próteses ou aparelhos odontológicos
4. perda de dentes temporários
5. lesão da mucosa oral

PROCEDIMENTOS GASTROINTESTINAIS E GENITOURINÁRIOS
Não se recomenda mais a profilaxia antibiótica mesmo nos pacientes de alto risco para desenvolver endocardite.

HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
SERVIÇO DE CARDIOLOGIA E CIRURGIA CARDIOVASCULAR


 Dr. Marco Paulo Tomaz Barbosa - Cardiologista
Rua dos Otoni nº 909 - Sala 409 -
Santa Efigênia - Belo Horizonte - Minas Gerais - MG